31 agosto 2008

Suores frios

Há um suor frio nos meus pés que me faz fechar os olhos. E nas celulóides de momentos futuros vejo-me longe. Queria entender por que a felicidade está sempre tão distante, vemo-la naquele país para onde queremos ir, no trabalho que sonhamos ter (e nunca conseguimos). Nunca aqui, na algibeira dos jeans desgastados. Queria perceber porquê.
Dizem que é bom. Isso de nunca estar satisfeito. Bem, é o que dizem.
Mas aquele calafrio no pé dá-me dores de barriga. Há remédios para essa dor. Não pode ser uma coisa boa.
É a constante incerteza do destino, um ímpeto irresistível de se atirar daquela varanda do sétimo andar. Uma atracção pelo desconhecido e uma promessa de felicidade.
Passo todos os dias por lá. Penso da minha queda. Faço os prós e os contras e volto para casa.
A varanda continua ali, com o seu charme atraente e intelectual, a sua postura certa e independente. Falta só dar o passo.
Mas os suores dão-me dores de barriga. Por enquanto, vou tomando remédios.

30 agosto 2008

Lar doce Lar

Dizem que não se volta a um lugar onde já se foi feliz. Eu também dizia isso.
Mas se houve uma coisa que aprendi nestes últimos tempos é que o português é uma língua difícil, já que para cada regra há uma excepção.
Deliciei-me durante um mês a aprende-las.
E em cada lugar passado, em qualquer monumento de fotografia antiga, em toda a história recordada pela fachada de uma loja vulgar, descobri uma diferente história e uma recordação que os novos acontecimentos não irão esbater.
É a sétima língua mais difícil do mundo, o português.
Não se pode tentar encontrar plenitude nos moldes antigos, na segurança de modelos de sucesso. Mas a excepção que dita a regra diz: volte e reinvente a fórmula.
Eu sabia que voltaria a este lugar.
É bom regressar a casa.