14 agosto 2010

Dois improváveis

Quem vê aqueles dois por ai deve rir-se. Gargalhar da improbabilidade daquela imagem. Da incerteza de uma razão numérica, equitativa, um motivo racional para uma realidade tão desconcertante.
São noites de açúcar e dias salgados. Franzidos de testa e rugas pé-de-galinha. Insultos entre dentes e elogios a gritos. Abraços. São agridoce, esses dois, sempre pendentes dessa incerteza que os faz mais felizes, aventureiros, jovens inconsequentes num bar manchado de cerveja.
E quando passam na rua tiram-lhes fotos, sussurram comentários, dão-lhes moedinhas. São a atracção da feira. Dois únicos com falta de encaixe. Dois improváveis que se juntam e se olham com uma cumplicidade que faz saltar os alarmes. Porque se esses dois são uma verdade feliz, então o mundo é uma piada.