Olhávamo-nos com olhar acostumado. Com remelas nos olhos e bocejo na boca. Criticávamos cada gesto, cada acção, cada tropeço em quem éramos realmente.
Não era amor.
Era uma tarde de inverno a ver filmes pirata e a comer pizzas de ananás. Eram dois telemóveis desligados. Uma música e uma guitarra. Eram massagens nos pés e exposições de domingo. Pequenos-almoços madrugadores. Um beijo na ponta do nariz.
Não era amor. Era melhor.
E então transformámo-nos naquela velha televisão que, mesmo desligada, continua a fazer um zumbido constante. Num gira-discos estragado. Naquele Tolstoi que nunca nos atreveremos a acabar. Somos o lixo do que soubemos ser, os restos daquele que deveria ter sido um final feliz.
Porque o fim nunca é bom. Se fosse bom, seria o começo.
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