As palavras fogem-me. Efémeras.
Falo, qual rádio de informação inútil. Conto e rio das minhas aventuras de nada. Falo e não paro até a garganta secar, porque existe ainda tanto por dizer. Quero contar que acordei despenteada e tenho uma borbulha nova no rosto, que vesti os ténis vermelhos porque os castanhos me faziam bolhas nos pés. Quero contar tudo, para que não se perca nada.
Quero contar o olhar apertado de covinhas, aquele sussurro inesperado ao ouvido. Quero conseguir descrever na perfeição o abraço que encaixa e o silêncio de sorrisos rasgados. Mas eu sou escudo. Escudo de traumas pisados e Internet com dor de barriga. A plenitude nega-se a cada momento. Sou mormon dentro do elevador.
E o pensamento arrasta-se para futuros longínquos onde o nós é um espatifado de eus e tus. Seguem-se as frases sem sentido, as dúvidas existenciais de quem esperou demais.
Esperou mais do que era humanamente possível. Ansiou uma afinação heróica, uma orquestra que se regia sem maestro. E agora a espera culmina num amontoado de sentimentos imperfeitos, com o nariz grande e o couro cabeludo que descama. Há o amigo que telefonou e o jantar de hoje à noite.
E existimos nós, e os hematomas dos beliscões.
Já não são precisos. Isto é mais do que real.
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1 comentario:
=D Real = Bom
Não se tem medo do bom. (Isto é uma ordem)
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