Éramos muitos. Falávamos como se fossemos o mesmo, numa complementaridade de defeitos que culminava em caretas de aborrecimento. No fundo, éramos um. E isso incomodava-nos.
No ar sentia-se uma aura de plenitude que se exaltava pelo meio dos dedos entrelaçados, dos olhares cúmplices, da cabeça que, lentamente, se inclinava sobre um ombro mais distraído.
Passeávamos por conversas esquecidas na gaveta, opiniões contraditórias de berros e insultos e carinhos de vermelho corado.
Fingíamo-nos frios, distantes. Intelectuais urbanos com sede de informação. Éramos pequenos, frágeis e estávamos a jogar os quartos de final das partidas de cartas que nos habituámos a começar sempre que uma noite corria mal. Agora tudo estava entrilhado. E, como o previsto, as cartas chegavam quase ao fim.
Mas com o baralho, nunca se sabe.
25 marzo 2009
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1 comentario:
Não tem nada a ver, mas logo me lembrei do baralho da alice no país das maravilhas =)
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