08 octubre 2009

Equações absurdas

A variável xis tem muito que se lhe diga. Discute-se por ai se x=1 ou x=2. Burros. Hipócritas. Vê-se mesmo que não tinham na adolescência uma professora de matemática que lhes causava febre antes dos testes. À matemática há que ter-lhe medo e respeito. Há que tratar-la com carinho, dedicação e uma boa dose de benuorns.
Porque, meus amigos, se bem me lembro, xis pode ser uma variável nula. E é ai que as cosias se complicam: nessa pequena e ínfima possibilidade de xis não ter par, de que não tenha um equivalente numérico perdido no mundo da álgebra. E se x=0, então temos um problema. Porque equação incompleta é como morangos sem leite condensado ou hambúrguer sem batatas fritas. Um absurdo.
E, quando o incompleto já parece absurdo, descobrimos que os números são tramados e que estas lógicas transcendentais de Pitágoras, Euclides e Arquimedes vão mais longe. Vão sempre tão longe. É que não chega que xis tenha de andar sempre sozinho na rua, suportar o ípsilon com a sua cara metade aos beijos na fila do cinema, ler, todos os dias, as revistas de fofocas com as mais recentes equações matemáticas bem sucedidas. Não, não chega.
O pobre do xis, ¡que miserável!, teve de viver uns longos meses a passear na rua com a companhia do seu zero para descobrir que matemática é coisa seria, com ela não se brinca. Podes pegar no teu zero e colocar-lhe um roupa nova, uma peruca à maneira e um perfume cítrico, podes chamar-lhe “relação moderna” e “felicidade instantânea”, podes mentir, ocultar, esconder o zero debaixo do lençol. Não adianta, porque dizem os deuses da matemática que com 0, com 1, ou com 2, “as equações sem sentido, que não são válidas para nenhum valor, denominam-se absurdas”.
E, convenhamos, ninguém gosta de equações absurdas. Dão negativas nos testes de matemática. A todos menos ao Dali.

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