Disseste-me que não podia ter saudades tuas. E eu não gostei. Não gostei nada, tsss, tsss.
Porque sou menina expatriada, imigrante de profissão. Sou cidadã do mundo com pós doutorado em lágrimas de despedida. Sou ama e senhora da saudade. E o que esse teu espírito livre e caprichoso não te deixa ver é que saudade é coisa boa. Saudade come-se ao pequeno-almoço molhado no leite e faz-nos sorrir quando na rádio toca determinada música. Uma espanholada, sei lá.
Nessa tua cabeça de pessoa moderna e soberana, saudade é dependência. E isso te faz tão pequeno, tão mesquinho, tão egoísta. Tantas coisas que podias não ter sido. E tal como eu não consigo evitar essa saudade com gosto de cerejas, tu tampouco sabes olhar-me sem essa tua superioridade automática de quem acha que a vida é o que a nossa cabeça pensa dela. Uma vez mais erraste. Não sei porque o digo. Tu jamais aceitarás essa crítica, como nunca aceitaste qualquer outra, dirás que tudo isto é mais um capricho de uma menina pequena. E já agora, juntado a fama ao proveito, tenho de te dizer que apesar das tuas sábias recomendações,
eu tive e tenho saudades tuas.
Língua de fora, bate o pé no chão e vira as costas, a menina amuada.
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