Sinto o peso do mundo nas costas, no pescoço e a fazer pressão na parte de trás da minha cabeça. Sinto-me pesada.
Vejo os meus passos cada vez mais lentos, arrastados, em busca de um banco para se sentarem. Resisto. E cada palavra, uma pequena faca sangrenta, uma gota menos nos litros que sangue que não me deixam doar. Preciso desfazer-me de mim. Comprar um outro eu em segunda mão. Um eu que tenha menos defeitos, menos calos da vida, cores mais brilhantes e certezas. Acima de tudo, certezas.
Vou à feira da ladra e, em desepero, procuro-me. Entre camisas velhas, roupa suja e vídeos usados. Eu estarei por ali, algures. É só procurar. Acabo por comprar um livro. Para não admitir o fracasso. E, de mansinho, desisto.
Queria ser forte e musculada, mas fizeram-me débil, de saúde instável e cabeça pensativa. Daquelas que não se calam. Chega o dia em que não aguento mais engolir. Esforço-me, mas e o meu corpo regurgita.
“Não devias ter dito isso”, respondem-me. E eu engulo-o. Outra vez. Mais uma vez.
Então hoje resolvi voltar à feira da ladra.
Quem sabe tenha mais sorte.
07 marzo 2009
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1 comentario:
Sinto-me sempre assim. Uma vez a minha professora de português escreveu-me uma dedicatória que dizia "não deixes o peso do mundo asfixiar-te". Mas é um trabalho realmente...pesado
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