Quero ter visão estroboscópica. Que a minha fonte de luz se interrompa e eu vá formando o movimento a preto e branco. Aos poucos. Ao meu tempo.
Quero poder dizer que ninguém nunca me vai apanhar. Quero saber fugir, contornar, antecipar. Vou voar e arriscar-me. Sem medo.
Serei mais um anfíbio. Eu sei. Mas com uma encantadora vida pela frente.
Serei poderosa, temida. Se pousar na comida, infecto-a, se adoentar-me propago.
Poderei dizer que fui alguém, que mereci viver, que ajudei a sociedade, que curei a gangrena.
Gostarei de carne morta, já o sei, mas não esconderei essa predilecção. Comerei os defuntos. Como os bichinhos. Serei usada na pesca e na medicina. Tornar-me-ei famosa e ganharei prémios.
E quando me tentarem apanhar, não poderão. Serei mais rápida e jogarei com uma vantagem: terei, finalmente, uma visão de 360º. Tu, comum mortal, só terás 50.
Passado um mês estarei cansada e, heroicamente, deixar-me-ei apanhar, apenas como um acto de compaixão. Para dar alegria àqueles que não conhecem a glorias. Escrever-se-ão livros sobre mim. E as crianças pedirão uma visão estroboscópica para o Natal.
06 marzo 2009
Suscribirse a:
Enviar comentarios (Atom)
2 comentarios:
hey! quem me dera ter a visão estroliboscópica que tu já tens!
mas sim! eu voto em ti para melhor esteroespólica do universo e pedirei ao pai natal uma dessas!
isto lembra-me muito kafka!!! que bom!
Publicar un comentario