20 mayo 2009

Os astros e o caminho

Quero tecer palavras de algodão que te aconcheguem àquelas horas estranhas em que decides descansar.
Quero embrulhar-te num pacote cheio de fita-cola para que não te rasgues e depois envolver-te num impermeável, com um pouco de laca por cima. Melhor não arriscar.
Vou aparecer ai, de pontinhas dos pés, e ajeitar o teu cabelo de cogumelo e endireitar aquele caracol rebelde que insiste em desalinhar-se e esticar-te o lençol e dar-te todas as respostas àquelas perguntas que nunca tiveste coragem de fazer.
E, nessa noite, vou contar-te o que comi ao almoço, o que o professor respondeu à pergunta e falar-te da manchete de um jornal local. Vou rir-me da tua cara amassada e zangar-me porque estás sempre a ver filmes e nunca a filmar. Vou mostrar-te a verruga nova que me apareceu e queixar-me das enxaquecas.
E depois de tudo isso, já que estou ai, aproveito para me deitar um pouco e deixar-me embalar pela serena harmonia de outrora. Aquele tempo em que os astros se alinharam para mostrar-nos o caminho.
Prometo não acordar-te, nem queixar-me da tua apneia. Prometo usar sapatos de lã e banhar-me com as minhas próprias lágrimas. Prometo ficar ali até ao dia em que, finalmente, voltes a acordar a sorrir. Como naqueles dias. Os dias em que os astros…

3 comentarios:

Tina dijo...

Nossa, que lindo!!!

i dijo...

vocês dão cabo de mim, a sério. não há coração que aguente

Fátima dijo...

Opá... tou com a inês =(