05 mayo 2009

A viagem.

Enquanto a vida passa à velocidade de um cronómetro de segundos apressados, eu vou fazendo notas mentais para não me esquecer daquele olhar, do comentário mal conseguido, da história da amiga do vizinho que tem um gato novo. Os meus apontamentos vão acumulando-se em resmas de folhas coloridas que me pesam na cabeça. Mas não importa, há que anotar tudo para não esquecer nada. Anotar tudo, para poder contar depois.
Depois como daquelas vezes em que ias de viagem ou passavas a noite em casa de um amigo. Depois como um “já te ligo daqui a bocado”.
Depois como se houvesse realmente um depois.
Mas parece que depois do depois não há nada.
É um silêncio total, cuja banda sonora são os clicks desesperados nos ícones sociais que outrora me conectaram a ti. Um pequeno suspiro à espera do dia em que me deixem, finalmente, dizer: “Que tal essa viagem? Conta-me tudo.”

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