08 julio 2009

A professora de matemática

Não sei o que te devo, nem como actuar. Não conheço as ruas que piso, os instintos que me assaltam, essa desgraçada mania do mundo de acabar sempre, e mais uma vez, em ti.
Sinto-me uma mafiosa de cabelo despenteado e de roupa imprópria para a ocasião. Vim de chinelos ao casamento do rei e saí com os dedos do pé a sangrar de pisadelas de salto de agulha.
Esqueci-me do escudo e a bala atingiu-me fundo. Doeu.
Agora, derrubada neste chão pestilento, busco uma explicação e concluo que não sei distinguir entre o que sou e o que me ensinaste a ser, entre o que aprendi nos meus tratamentos de prevenção cardíaca e as drogas que me injectaste directamente na aorta. Desculpa, mas não consigo passar factura. É que, como já sabes, a professora de matemática metia-me medo.

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