Sei que sabes que sou só um sussurro sigiloso. Que venho e vou voando entre vidas vadias, variadas. Que mudo a cada momento, mas não por má-fé, por mania maluca de misturar-me com o mundo. Entendo que estejas estafado desta emanação de eloquência evasiva. Que queiras quebrar quem se queixa do que quis questionar. Não julgo jogadores jubilados, nem jovens jornalistas jubilosos. Ambos abusaram da amabilidade da ama-seca e aproveitaram-se da amizade amenésica do amor do destino. Despiram-se de datas, dicionários e definições e descolaram num disfarçado deleite de uma vida sem divisas. Bagunçaram o baile dos bibelôs birrentos. E agora queixam-se.
Por isso não podes pensar que procuro penalizar-te por este pavoroso palpite. Isto é apenas a minha ilustre imaginação a improvisar uma identidade idealista. Uma razão de rascunho que resolva este rebuliço que represento. Porque eu e tu, e tu e eu, agora somos apenas isto. Um conjunto de letras repetidas. Uma formula estragada e cacofónica que, estranhamente, para nós, soa-nos a musica. Sussurros sigilosos pronunciados por amantes amnésicos.
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