01 marzo 2010

Mais-que-perfeito

Falhara a sintaxe, o verbo e o predicado. Colapsara o sistema das letras racionais. Conjugara os verbos na ultra perfeição de um indicativo do plural.
Buscáramos os beijos que tínhamos programado um dia na nossa agenda rasgada. Tínhamos encontrado o tempo composto. Mas não funcionara. Não fora suficiente e voltáramos ao singular. Fôramos só um, mas devagar, não corrêramos. Não fora preciso, porque já não houvera mais pausas para a publicidade. Agora fôramos só tu e eu num envelope selado no individual. Lágrimas engolidas com um romance de papel.

Desculpara-me se corro, mas nunca me ensinaram a andar. Desculpara-me se fugira ou se misturara flashes de passado com cocktails de álcool. Restos de futuro com chutos de ficção. Desculpara-me se inventara, se criara, se fizera-nos sonhar. Mas tivera a cabeça em blackout. Já não soubera conjugar outro tempo verbal.

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