22 julio 2010

James Bond

Disseste que bom. Contra todas as minhas expectativas disseste que-bom. Assimila, assimila. Q-u-e-b-o-m. B-b-b-o-o-o-m-m-m.
E então congelei.
Lembrei-me de tudo o que tinha anotado para te dizer e acabei por calar, todas as conversas que escrevi na minha cabeça e, instintivamente, apaguei.
E de rascunho em rascunho, construíram-se romances inteiros, auto-estradas de histórias desinteressantes, momentos que moldam a nossa vida. As setas, pela primeira vez, vão em direcções opostas. Radicalmente opostas.
Tu no deserto, eu, nas ondas da praia.
Tu com som e eu com palavras. Tu, indiferente, eu, congelada.
E no meio deste caos averbal, fizemo-nos estranhos.
Desconhecidos do pé à cabeça. Do pensamento à alma.
Ignorados. Incógnitos.
Desprezíveis, talvez.
E foi então que hoje o teu agente secreto falhou. Caiu-te o disfarce, a máscara e a pistola. Esqueceste-te que neste jogo, cada palavra é uma bala. E feriste.
Então apercebi-me que estou a jogar sozinha e que nem sequer és tão sexy como o James Bond.
Apertei o off e guardei o brinquedo no armário.
Quem sabe outro dia.

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