Tinha sido preso. Contou-me tudo com um sorriso estridente de roupas largas, que combinava com os seus olhos desusadamente sobressalientes e discurso carinhosamente cuidado. É estranho como ele se casava bem com as montanhas, com as folhas caídas e com o friozinho de fim de tarde. Olha como ele canta (mas os homens não cantam!), fala, confessa e chama-me nomes que nunca permiti a mais ninguém fazê-lo.
Mas ele tinha chorado. Descoberto no meio da sua fumaça, atraiçoado pela crença na língua universal e munido do seu mais duro orgulho, entregou-se às grades e chorou. Talvez as suas lágrimas não sejam tão salgadas como as outras, talvez ele seja um crocodilo de água doce e olhos vermelhos, que chora de prazer depois da refeição. Não sei.
Passada a angústia, a linguagem cerimoniosa, o dinheiro desperdiçado e uma noite sem dormir a velhinha religiosa decidiu nunca mais juntar jovens estrangeiros às suas imagens da Virgem Santa. Velhinha sensata, disseram os polícias friorentos.
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1 comentario:
falas de tantas personagens sem revelar demais de ti. gosto disso.
amanhã é o teste de sociologia :S
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