A cabeça lateja uma dor traiçoeira de mais uma noite pensativa. Sonambolei no corredor sem saber o que fazer, perdida na casa do chão de pedra e nos gritos do bem-te-vi.
Esbarraste em mim.
Tropeçaste naquele mundo só meu de lágrimas de alegria e voz de rapariga durona. Escondeste-te no meu bolso com cuidado para não ficar com os pés de fora.
Sorrias sempre que eu me enganava, me esquecia ou fazia uma rabugisse imperdoável. Perdoavas. De olhos espremidos e certezas asseguradas.
Só não podia haver próxima vez.
Nunca houve.
Porque no dia seguinte viviam-se ressacas de embriaguez sentimental, de sussurros nocturnos em areais semi-iluminados.
Mas fui te alimentando e deixando-te pesado. Gordo de churros com doce de leite, balas de goma e gelado com cobertura de chocolate. Reclamavas de frio nos pés e que o vento deixava o teu cabelo despenteado.
O bolso rasgava-se, como a borboleta preta a sobrevoar a cozinha. Costurei, reforcei, três e quatro pontos duplos. Nada.
Enganei-me.
Queria dizer, tudo.
Suscribirse a:
Enviar comentarios (Atom)
1 comentario:
Era tudo ou nada. Eu escolhi o tudo.
E tu?
Publicar un comentario