As palavras-sorriso usam perfume preto e branco, óculos espelhados e umas calças meio duvidosas. São feitas de manteiga, daquela para fazer os biscoitos da Ana Teresa.
São raras de encontrar. Muito bem cotadas no mercado coleccionador.
E lá vem uma covinha, um dente meio escurecido, um ténue inclinar da cabeça.
Valiosas, muito valiosas.
Não deixem que se desgastem. Se as encontrarem guardem-na numa redoma de momentos especiais. Não, corrijo: momentos extravagantes, singulares, esbanjadores. E nesse momento saboreiem o seu gosto a maresia amanhecida com pasta de dentes de hortelã. O seu gosto de banana com leite condensado e massa ao pequeno-almoço. Digam-na com todas as letras e deixem que o momento exclame uma interjeição de felicidade.
Um dia encontrei uma palavra, perdida num meio de um livro para pintar.
Guardei-a.
Ela implora-me por liberdade. Mas é sempre tão difícil quando o nosso filho mais velho sai de casa.
Prometo que não sou pedra, nem diamante valioso.
Mas se fosse médica, seria famosa e quem sabe me convidassem para os Óscares.
Mas assim sendo, vejo-os em casa, com cobertor e pipocas (salgadas).
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