03 marzo 2009

Casa de florista

Saímos de carro azul e tanque cheio, o jantar num saco e um mundo de CDs.
As histórias vinham com dores nos pés, redacções stressadas, entrevistas de rua. Tinham cor de semana de sol e um sorriso impossível de costurar.
As horas passaram animadas e acabaram com um passeio nocturno à beira mar. Eu tinha, finalmente, chegado.
Por ali ainda havia aquele perfume de casa de florista, aquela luz rosada com ar de cinema europeu. Por ali eu continuava a ser aquela menina mimada que fui um dia, aquela amiga sem preocupações, aquela risada mais alta que aguenta a noite toda sem cansar. E eu assim fui. Só para não desiludir.
Esperavam-me confissões, amigos e histórias não contadas. Noites de abraços apertados, de olhares de cumplicidade, de comentários que só a língua mãe pode entender.
E, de repente, já tinha acabado. O carro azul conduzia-nos mais uma vez por estradas bilingues. Na cabeça navegavam conversas de palavras não ditas e outras em que se falou demais, corriam memórias fotográficas daquele olhar, aquela palavra. Por momentos hesitei.
Mas agora olho pela janela e vejo o carro azul parado em frente à casa. Percebo, então, que aí é o seu lugar. Á espera de novas viagens.

3 comentarios:

Fátima dijo...

Oh... não deu tempo para nada e eu andei sempre de um lado para outro...

Anónimo dijo...

Que bem escrito...
Parabens!!! Queria ter essa arte de saber usar as palavras assim tao harmoniosas...
(a florista...)

Anónimo dijo...

saudades!!!