16 abril 2009

O tombo

Ela caiu e enquanto tombava via a sua queda em câmara lenta. Tropeçando, pouco a pouco, nas pedras do caminho, ferindo os pés e inclinando-se para a frente, para trás. Resistindo. Mas era inevitável. As forças da gravidade sempre venciam.
Primeiro um pé, depois o outro, uma aterrizagem brilhante, daquelas que fazem pouco barulho e quase não levantam poeira.
De repente, tudo mudou.
Depois de meses a ensaiar aquela queda, apercebeu-se que a genialidade da técnica de pouco lhe valia, pois estava ali, no chão, caída.
Ao nível da baba do cão, da formiga venenosa e da lesta gorda.
O mundo parecia tão grande visto desde baixo.
Grande e assustador.
Foi nesse momento que arriscou e pediu: “Gravidade, dás-me mais uma chance?”

2 comentarios:

Francisco Maia dijo...

e a gravidade? já respondeu?

ah e não existe "aterrizagem" não existe oh brasileira/espanhola!

mchiavegatto dijo...

Eu sei =) É a liberdade "poetica" =) Depois de ter lido ha pouco tempo Saramago e ter descoberto que todas as palvras que eu antes nao entendia sao espanholismos, resolvi adoptar a tecnica =P