15 junio 2009

Cara de póquer

Tu mentes-me e eu finjo acreditar nesta teia de pensamentos inventados que fomos construindo. Passeamos por ela, quais aranhas coxas de uma pata, e fazemo-la nosso reino. Somos assim, mentirosos compulsivos.
E não vale negar que é mentira sempre que dizemos que o sol brilha outra vez. Tripla negativa.
Não vale fingir que é verdade que já estamos em outra, que o resto é passado, que somos mais, melhores e independentes.
Não vale porque eu há muito tempo descodifiquei a tua cara de póquer. E o meu nariz, esse imbecil, acaba sempre por denunciar os meus pinóquios.
E a corda vai ficando cada vez mais grossa, mais resistente, mais estável. Até chegar ao dia em que deixemos de reparar que vivemos neste palácio de teias de aranha.
A tripla negativa torna-se verdade, e nós, uma mentira.

2 comentarios:

Anónimo dijo...

"oh what a tangled web we weave when first we practice to deceive..."

mentir nem sempre precisa de ser uma coisa má...

i dijo...

HAH!é só o que eu tenho a dizer