Dizem-me que minhoca não tem movimento.
- Como não? – pergunta a centopeia que puxa, estica e vai andando, por ai, correndo, verde, pela vida.
Revolução! Juntemos pessoas apressadas, o rapper da esquina e o um ou dois megafones. Façamos uma sessão fotográfica. Clic, clic. E la vai ela, a minhoca, esplendorosa, graciosa, desfilando pela passarela com o seu vestido esvoaçante. Uma ventoinha, uma ventania, um vulcão de vento, algo. Reprovado, que os franceses não atinam com o “vê”.
Então coloquemos a dita graciosa num carrossel, numa montanha russa talvez. As palavras compostas estão na moda. Que faça uma corrida, que se junte a uma marcha, que dê um salto duplo numa piscina de ondas. Coitada, que se afoga, que as minhocas que não sabem nadar. Então façamos-lhe um rio, um lago. Sim, um verme a chapinhar numa poça. Mas de tanta agitação ficou tonta, zonza, com o mundo às voltas como se estivesse a centrifugar. Pula, estreita, treme e foca-te. Centra-te para que te passe o reboliço. Rébôlissô, diriam os galgos.
Mas se por fim os tremeliques não funcionarem, levemos a esplendorosa de viagem. Um jacto, um furação, uma expedição em anos luz. Ali poderá experimentar o calafrio de uma nova cultura, a brisa de cheiros extravagantes, o pingar arrítmico que só conseguem as gotas dos países estrangeiros. Façamo-la suar, jogar com o ping-pong da vida. Pronto, está bem, que se apaixone, que isso também é movidito. Que lhe rompam e estilhacem o coração em mil partes. Porque os amores de viagens são assim, imprevisíveis, a minhoca também deveria viver-lo. Abandonada, exausta, com o pé a arder e o coração a coçar, a estrambólica regressa a casa. Desta vez para descansar. Chega de movimento por hoje.
Suscribirse a:
Enviar comentarios (Atom)
1 comentario:
=P!!! Qué guay!!
Publicar un comentario