As pessoas crescidas já não vão à escola, nem têm trabalhos de casa.
Elas sabem que não se pode ir trabalhar de mini-saia nem com as unhas pintadas de laranja, que os decotes não são aconselháveis e que as gargalhadas desconcentram os colegas.
Os grandes falam baixo e dizem bom dia, sorriem e disfarçam, dizem umas mentirinhas para fugir ao trabalho.
Os crescidos gostam das crianças, fazem caretas e vozes engraçadas, beijam, agarram, amassam aquelas gorduras cheirosas.
E são tão superiores a elas.
Qualquer reacção mais torta, mais espontânea, é reprovada. Porque parecer uma criança, não é lá muito bom.
Outro dia descobri uma porta secreta. Fui espreitar porque cheirava a algodão doce e tangerinas. E encontrei. Ali dava para subir às árvores, cair, chorar e ter sempre alguém que dissesse que iria ficar tudo bem. Dava para me sujar, despentear, fazer caretas e cantar diparatadamente. Ali não havia o “tens de” nem o “não me desiludas”. Seus bichos malvados.
E ali, naquele cantinho de mundo, podia fazer birra e beicinho, podia gritar e chorar.
Porque os homens às vezes são ratos.
Escondem-se por trás do tailleur e do fato completo.
E perguntam às inocentes crianças “mas tens quantos anos afinal?”
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3 comentarios:
ooh... n acho nada disso....acho que os adultos também dançam debaixo de semáforos.....os que se lembram como era...
....=) charme. gosto disso.
=) neverland. tambem tenho uma.
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