Há coisas penduradas no meu armário.
São como precipícios materiais, abismos consumistas, pontos de interrogação por concluir.
Elas estão ali, suspensas, como se eternamente à espera de um apoio.
De cabeça para baixo, com os pés colados no tecto o cabelo fica despenteado. Ninguém gosta de parecer desleixada. A roupa vai caindo e o corpo se mostrando arrepiado, trémulo, inerte e liso neste mapa assustado de sonhos.
Os cabides servem para isso.
Suspendem os objectos e confrontam-no com o pior da vida.
Todos nós temos vertigens. Todos temos mais do que cinco quilos de sangue a girar pelo corpo.
É inconsolável abrir o armário. A tosse vem com o pó dos objectos esquecidos e as lágrimas pastosas caem por cima das promessas e alvos.
Tudo ali, pendurado. Á espera de um juízo final.
Desfazer-se em cinzas. Encontrar um dono que o pegue ao colo e o leve a passear. Talvez em direcção a leste.
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