11 noviembre 2007

Lusa

Eram sentimentos desnorteados, que caminhavam sem rumo pela cabeça latejante.
Uma vontade de fugir.
Chega ao quarto, pega na tua mala, enfia uma roupa qualquer (porque naquele mundo não é preciso secador nem duas calças de ganga) e não te esqueças do chapéu. Puxa as rodas e não ligues ao trolitar que fazem no passeio rasgado. Já estão habituados.
Não precisas disto, nem do sorriso forçado. Não precisas sentar e observar que não é ali o teu mundo. Basta correres até o ar ofegante te faltar. O movimento é simples. E se vires o mar, nada. Para que serviram 15 anos de aulas de natação?
Mas ali havia surpresas de passeios matinais, músicas novas decoradas ao descaso, bolo e balões que surgiam com bebidas flamejantes.
Havia o dormir despreocupado, as greves da faculdade, o intercâmbio aos doze anos, o movimento sem terra. O sol que batia devagarinho na pele branca e contava aventuras de adolescentes inconsequentes, confissões de estudantes excluídos.
Havia as mentiras e as discórdias, os dramas e o deixa andar.
E enquanto a certeza continuar a escapar-me pelos dedos, vou saltar em concertos electrónicos, comer quitutes australianos e conhecer a lojinha do senhor Fernandes.
- E ai Lusa? Não vai comprar nada?

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