Hoje já é ontem, foi a conclusão que cheguei.
Hoje já é ontem, comentei de maquilhagem borrada, cabelo duro, bolhas nos pés.
Hoje já é de manhã, porque hoje já é amanha, dizia-me a data do jornal do dia seguinte.
Hoje já é amanhã! Era o queria gritar. Mas não havia voz.
Hoje, ontem e amanhã gastei a voz num espanhol de tempos compostos, num inglês de me tarzan tu jane.
Tentei convence-los de uma origem falsa, expus a garganta a um ar de tabaco barato, a gritos de músicas aprendidas de antemão.
E pensando nesses termos, já me doía a cabeça há três dias. Desde ontem e até amanhã.
É curioso o tempo, faz-nos com cada partida.
Mas então voltei para casa, porque o jornal (e todos sabem que o jornal nunca mente) me dizia que tínhamos riscado o meu dia do calendário. Voltei para casa, e o cansaço adormeceu-me.
Mas não é que quando acordei ainda era hoje? Quero dizer, o hoje que ontem era amanhã.
No fim das contas, na vida perde-se um dia e ganha-se outro logo a seguir. É o universo a equilibrar-se, diriam os cientistas.
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2 comentarios:
q bela noitada :P
é. a caña dá destas coisas.
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