Ali, onde a névoa esconde o céu azul das tardes de primavera com pé na agua. Onde se caminha na rua, porque as rodas não compensam e os carris subterrâneos são apenas um sonho longínquo de um político populista. Naquele lugar, onde o mar toca nas nuvens e fá-las derreter. Onde o pára-aguas é um eterno companheiro de viagens.
Ali, onde o jornal se lê no café da esquina e a tapa tem um gosto de óleo usado que insulta o gourmet. Onde se oferecem sorrisos, abraços, “há quanto tempo” e a melhor tortilha do mundo. Onde os corredores cheiram a páginas de jornal viradas e das cabeças saem letras com gosto de tinta de papel.
Ali, onde o ar tem cheiro a casa e as ruas uma estranha sensação de lar.
29 enero 2010
25 enero 2010
De uma maneira muito estranha
De uma maneira muito estranha eu um dia me apaixonei. Assim, ao de leve, de mansinho, quase sem sentir. E por uma razão ou outra, o fardo recaiu sobre ti, tão tu mesmo nessa tua vidinha de ir e vir. Então meti-me no meio, revirei-a e amachuquei os cantos, fui comendo-a aos bocadinhos, até que um dia deu enjoo.
De uma maneira muito estranha eu um dia desapaixonei. E então perguntaste o que era de mim, o mim de antes, dos momentos, dos agoras para sempre. E eu pus cara de interrogação e depois de enfado. Perguntar ofende, sim senhor.
Caminhávamos para seguir caminhando e sorriamos para seguir vivendo e foi então que um dia, de uma maneira muito estranha, éramos amigos outra vez. Sempre soube que o nosso era um caminho sem retorno.
De uma maneira muito estranha eu um dia desapaixonei. E então perguntaste o que era de mim, o mim de antes, dos momentos, dos agoras para sempre. E eu pus cara de interrogação e depois de enfado. Perguntar ofende, sim senhor.
Caminhávamos para seguir caminhando e sorriamos para seguir vivendo e foi então que um dia, de uma maneira muito estranha, éramos amigos outra vez. Sempre soube que o nosso era um caminho sem retorno.
20 enero 2010
Um dia
Ela, que guardava numa caixinha de cartão todas as cartas que nunca tinha enviado. Todas as que nunca tinha tido a coragem de selar. Que fazia planos debaixo do chuveiro e cantava para si mesma antes de adormecer. Que acreditava que a felicidade tinha cheiro de chá de camela com raspas de laranja, que coleccionava sonhos de algodão doce. Ela, que nunca usava saltos altos para poder estar mais perto do chão, que quando punha saias passava o dia a rodopiar, que acreditava na bondade humana. Ela, que passava horas a ensaiar hipotéticas conversas futuras, e eu digo, e ele diz, e eu respondo. Ela, que nunca tinha coragem de dizer o planeado. Ela, que quando fechava os olhos via azul, um sorriso rasgado e um domingo na lareira. Até.
Até ao dia.
Até que ela
Um dia.
Acordou para a vida.
Até ao dia.
Até que ela
Um dia.
Acordou para a vida.
18 enero 2010
Duas moscas
Somos duas moscas. Desculpa dizer-te isto assim sem preparação prévia, mas chegou a hora, não posso guardar mais este segredo.
Sim, enfrenta a realidade. Alimentamo-nos da nossa própria matéria em autodestrução, dos fotogramas futuros impressos em tardes de cinema, das promessas de amor engolidas com um copo de coca-cola, daquelas pequenas pinceladas de realidade que não queremos deixar sucumbir.
Somos um insecto pequeno, preto e asqueroso. Apenas uns centímetros de carne esponjosa e peluda que descansa em excrementos. Um animal irracional que já nasce com data de caducidade, que é como quem diz, com um obituário escrito e a tumba montada. Somos alimento de outros bichos, assunto de conversa nas mesas dos cafés.
- Raio da mosca!
E da-lhe uma patada e outra e outra ainda. E nós ali, heroicamente, aguentando um e mais um safanão. Porque somos assim, sempre o fomos. Fatídicos, autodestructivos, masoquistas. E persistentes. Insistimos, achamos que um dia conseguiremos contrariar a lógica. ¡Ingénuos!, nós.
E, como moscas que somos, a nossa morte aproxima-se, já sabes, nascemos para isso. Pensa bem, não há jornada que não termine, nem vida que não pereça. E então aqui estamos nós, mutilados, feridos e humilhados pela fragilidade humana e pela imbecil crença de que seremos melhores, super heróis modernos com poderes mágicos.
Não engonhemos mais. Que venha logo a morte e acabe, com uma facada definitiva, esta desgraçada, intensa e longa vida de uma semana que tivemos.
Fim, escreveu-se com letras de sangue.
Sim, enfrenta a realidade. Alimentamo-nos da nossa própria matéria em autodestrução, dos fotogramas futuros impressos em tardes de cinema, das promessas de amor engolidas com um copo de coca-cola, daquelas pequenas pinceladas de realidade que não queremos deixar sucumbir.
Somos um insecto pequeno, preto e asqueroso. Apenas uns centímetros de carne esponjosa e peluda que descansa em excrementos. Um animal irracional que já nasce com data de caducidade, que é como quem diz, com um obituário escrito e a tumba montada. Somos alimento de outros bichos, assunto de conversa nas mesas dos cafés.
- Raio da mosca!
E da-lhe uma patada e outra e outra ainda. E nós ali, heroicamente, aguentando um e mais um safanão. Porque somos assim, sempre o fomos. Fatídicos, autodestructivos, masoquistas. E persistentes. Insistimos, achamos que um dia conseguiremos contrariar a lógica. ¡Ingénuos!, nós.
E, como moscas que somos, a nossa morte aproxima-se, já sabes, nascemos para isso. Pensa bem, não há jornada que não termine, nem vida que não pereça. E então aqui estamos nós, mutilados, feridos e humilhados pela fragilidade humana e pela imbecil crença de que seremos melhores, super heróis modernos com poderes mágicos.
Não engonhemos mais. Que venha logo a morte e acabe, com uma facada definitiva, esta desgraçada, intensa e longa vida de uma semana que tivemos.
Fim, escreveu-se com letras de sangue.
17 enero 2010
Uma farsa esquizofrénica
Vivo vidas entrelaçadas. Vivo a existência de quem quer ser e ainda não é. Aquela que tem gosto de tarte de limão com cobertura de suspiro. A vida do eterno aspirante a coisa alguma, de um cavaleiro que parte sem rumo para expedições em países impronunciáveis. Um poço que nunca acabará de encher, um labirinto cujo final estará eternamente fora de alcance. Vivo uma vida sem alcance, sem alça, sem capuz e sem asa, só sonho. Vivo uma vida de sonho.
Mas sou agente disfarçada de menina, dançarina vendida, polícia camuflada. No fundo, sou uma farsa esquizofrénica que vai costurando pedaços de diferentes vidas num tecido que, no fim das contas, não é mais que caos.
E nesse caos cabe tudo. Entra a senhora trabalhadora e a rapariga marota. Se espremermos bem, há espaço para o aventureiro de pés descalços, para o funk da favela e o after-party das seis da manhã. É só remexer um pouco que lá esta ela, a menina literatura, os filmes de domingo à tarde e a música alternativa de calças roxas. Há a rapariga livre, independente, hiperactiva, a que tem voz de charme e a que sonha com uma casa de piscina e churrasqueira no terraço.
O problema, porque não há história sem fricção, é quando as vidas se misturam e a esquizofrenia confunde-se. Então recebemos um email para a senhora responsável e logo em seguida outro que recorda os dias de sol e praia em viagens saltimbancos. E então senti-nos traidores, farsantes, embusteiros. Porque estamos a jogar um jogo duplo e este não tem bónus no final. Sabemos que um dia a vida pagará factura e, entretanto, lançamo-nos e entranhamo-nos cada vez mais fundo nesta vida de multifaces à espera de encontrar alguém que, quem sabe, compreenda essa nossa pequena doença incurável.
Mas sou agente disfarçada de menina, dançarina vendida, polícia camuflada. No fundo, sou uma farsa esquizofrénica que vai costurando pedaços de diferentes vidas num tecido que, no fim das contas, não é mais que caos.
E nesse caos cabe tudo. Entra a senhora trabalhadora e a rapariga marota. Se espremermos bem, há espaço para o aventureiro de pés descalços, para o funk da favela e o after-party das seis da manhã. É só remexer um pouco que lá esta ela, a menina literatura, os filmes de domingo à tarde e a música alternativa de calças roxas. Há a rapariga livre, independente, hiperactiva, a que tem voz de charme e a que sonha com uma casa de piscina e churrasqueira no terraço.
O problema, porque não há história sem fricção, é quando as vidas se misturam e a esquizofrenia confunde-se. Então recebemos um email para a senhora responsável e logo em seguida outro que recorda os dias de sol e praia em viagens saltimbancos. E então senti-nos traidores, farsantes, embusteiros. Porque estamos a jogar um jogo duplo e este não tem bónus no final. Sabemos que um dia a vida pagará factura e, entretanto, lançamo-nos e entranhamo-nos cada vez mais fundo nesta vida de multifaces à espera de encontrar alguém que, quem sabe, compreenda essa nossa pequena doença incurável.
13 enero 2010
Pernas para o ar
A vida está de ponta cabeça. Comecemos, então, pelos pés que tanto querem andar, sair, mexer-se. Que sonham em percorrer o mundo de palmas no chão, que querem fugir mas quando dão o primeiro passo apercebem-se que os atacadores deram um nó. Malditas vidas entrelaçadas.
Dos pés ao joelho, esse bastardo. Tinha de nascer com um osso deficiente. O menisco deslocado, dizem os médicos, mas eu não acredito. Acho que me dói só porque sim, por teimosia, para lembrar-me diariamente da minha imperfeição. Não que eu precise, mas ele insiste.
Do joelho salto para a barriga, esse espelho da alma. Quando estamos tristes, o chocolate consola, felizes, a cerveja celebra, apáticos, as gomas alegram, deprimidos, a fome cava mais fundo. E quando o mundo está ao contrário? Comemos e vamos ao ginásio gastar calorias. Para depois poder comer mais.
E quase sem perceber passamos da barriga aos ombros, esses, os que aguentam com o peso da mochila. A mochila que nos levará mais longe. A nossa companheira de onde quisermos. Porque, acreditem em mim, quando mais afastados estamos, menos peso sentem os ombros.
A cabeça, coitada, está meio zonza. "Não faças o pino que o sangue vai-te todo para a cabeça", diziam os professores. Não a mim, claro, que nunca tive jeito para a ginasitca. A cabeça, que no fundo é só uma carapaça, esse tal utencilio tão valorizado pela sociedade moderna. Esse órgão pensa, dizem os espertos. Não, quem manda é o coração, contestam os românticos. No fundo, tudo isto são só enzimas.
E então chegamos ao cabelo, malandro. Queremos fugir, mudar e disfarçar. Treinamos cabelereiros, odiamo-los de morte, pomos gel, espuma e creme modelador. Porque no fundo, a pior parte de ter o mundo virado ao contrario é que não há forma de conseguir pôr o cabelo como deve ser. Acho que no final das contas é ai que reside o meu problema.
Dos pés ao joelho, esse bastardo. Tinha de nascer com um osso deficiente. O menisco deslocado, dizem os médicos, mas eu não acredito. Acho que me dói só porque sim, por teimosia, para lembrar-me diariamente da minha imperfeição. Não que eu precise, mas ele insiste.
Do joelho salto para a barriga, esse espelho da alma. Quando estamos tristes, o chocolate consola, felizes, a cerveja celebra, apáticos, as gomas alegram, deprimidos, a fome cava mais fundo. E quando o mundo está ao contrário? Comemos e vamos ao ginásio gastar calorias. Para depois poder comer mais.
E quase sem perceber passamos da barriga aos ombros, esses, os que aguentam com o peso da mochila. A mochila que nos levará mais longe. A nossa companheira de onde quisermos. Porque, acreditem em mim, quando mais afastados estamos, menos peso sentem os ombros.
A cabeça, coitada, está meio zonza. "Não faças o pino que o sangue vai-te todo para a cabeça", diziam os professores. Não a mim, claro, que nunca tive jeito para a ginasitca. A cabeça, que no fundo é só uma carapaça, esse tal utencilio tão valorizado pela sociedade moderna. Esse órgão pensa, dizem os espertos. Não, quem manda é o coração, contestam os românticos. No fundo, tudo isto são só enzimas.
E então chegamos ao cabelo, malandro. Queremos fugir, mudar e disfarçar. Treinamos cabelereiros, odiamo-los de morte, pomos gel, espuma e creme modelador. Porque no fundo, a pior parte de ter o mundo virado ao contrario é que não há forma de conseguir pôr o cabelo como deve ser. Acho que no final das contas é ai que reside o meu problema.
10 enero 2010
Uma questão de respeito
Ele está ai, escondido atrás das portas, como o pó e o cotão de um quarto recém arrumado. Ele chegará, um dia chegará. Ou pelo menos isso me dizem. De comboio expresso, avião de baixo custo ou ténis desgastados. Seja como for, naquele dia, o dia em que ele aparecer, se ele aparecer, vou correr para os seus braços, qual filme de Hollywood e, contrariando todas as expectativas, num twist absolutamente inesperado, vou dar-lhe um valente bofetão e perguntar-lhe enquanto bato com o pé de birra: “E onde estiveste este tempo todo?”
Onde estiveste nas noites de frio com a janela estragada, nas manhãs de preguiça enroladas no sofá, nos passeios pelo parque, no pequeno-almoço do café da esquina. Já busquei por toda a casa, nas gavetas do trabalho e nos bolsos do casaco. Revisei a lista telefónica e a loja do senhor Josito. Não estás, mas insistem em dizer-me que estás, que chegarás, que vens a caminho.
E eu sou menina teimosa. E, por capricho, espero. Pacientemente, aguardo que esta expectativa prolongada chegue ao fim. Que eu possa unir-me ao mundo neste sorriso pasmacento estampado na cara de todos aqueles que já tiveram o seu prémio.
Mas não te enganes, meu querido, não te enganes, porque quando chegares não te esperarão mil e muitas noites de amor ronhento e vozinha de charme. Quando chegares, se chegares, teremos muitas contas a ajustar. Porque isso de demorar tanto, meu caro, é uma falta de respeito. Os teus pais não te deram educação?
Onde estiveste nas noites de frio com a janela estragada, nas manhãs de preguiça enroladas no sofá, nos passeios pelo parque, no pequeno-almoço do café da esquina. Já busquei por toda a casa, nas gavetas do trabalho e nos bolsos do casaco. Revisei a lista telefónica e a loja do senhor Josito. Não estás, mas insistem em dizer-me que estás, que chegarás, que vens a caminho.
E eu sou menina teimosa. E, por capricho, espero. Pacientemente, aguardo que esta expectativa prolongada chegue ao fim. Que eu possa unir-me ao mundo neste sorriso pasmacento estampado na cara de todos aqueles que já tiveram o seu prémio.
Mas não te enganes, meu querido, não te enganes, porque quando chegares não te esperarão mil e muitas noites de amor ronhento e vozinha de charme. Quando chegares, se chegares, teremos muitas contas a ajustar. Porque isso de demorar tanto, meu caro, é uma falta de respeito. Os teus pais não te deram educação?
05 enero 2010
O menino caladinho
O menino caladinho tinha um olhar tímido e um punhado de conversas silenciosas. Mantinha a inexplicável empolgação de uma criança e um rol de “desculpa”, “obrigado” e “com licença” que tanto orgulharia os seus pais.
Era rapaz de comunicação, mas comunicar não era o seu forte. “É que eu me enrolo, sabe?”, justificava, e lá ia ele enrolando-se no fio das suas próprias historias. Até que o fio enroscava-se de tal maneira que, de repente, dava nó. E eu ria, gargalhava e desfrutava da sua trapalhice. “É que eu gosto mais de contemplar”, explicava. E isso, claro, dava azo a mais risada.
Mas para menino calado, até tinha das suas. Gostava de arte, de literatura, de Bob Dylan e de pôr gel no cabelo antes de dormir: assim já acordava penteado. Sonhava com história e com ruínas romanas. Os museus eram a sua casa.
Dizia que os óculos usavam-se a meio do nariz e então eu chamava-o de velho e ele irritava-se, mas não muito, porque nada superava a sua ira de quando eu soltava um “é que você é um adolescentezinho” no meio de alguma situação empolgante. Dizem que a crítica faz parte do charme, ou isso defendo eu.
Mas os dias passaram e ele foi soltando os nós: e não é que o menino caladinho falava?
E se falava.
Contava do pai, da mãe e do trabalho. Da rotina que era viver. Queixava-se dele mesmo e da sua atitude, que queria ser melhor. Que não conseguia ser melhor. E depois vieram as histórias. As entrevistas aos deputados, os professores despedidos, os amigos e o eterno amor platónico. Amar é sofrer, disse um dia entre uma batata frita e um golo de Coca Cola.
Mas a magia acabou logo e precisamente quando ele, o menino caladinho, estava tão tagarela, o seu avião partiu. Deixou para trás uma garganta rouca de bares e aventuras, e ao despedir-se, deu-me um abraço forte e balbuciou: “Obrigado”.
O menino caladinho tinha voltado a calar-se.
Era rapaz de comunicação, mas comunicar não era o seu forte. “É que eu me enrolo, sabe?”, justificava, e lá ia ele enrolando-se no fio das suas próprias historias. Até que o fio enroscava-se de tal maneira que, de repente, dava nó. E eu ria, gargalhava e desfrutava da sua trapalhice. “É que eu gosto mais de contemplar”, explicava. E isso, claro, dava azo a mais risada.
Mas para menino calado, até tinha das suas. Gostava de arte, de literatura, de Bob Dylan e de pôr gel no cabelo antes de dormir: assim já acordava penteado. Sonhava com história e com ruínas romanas. Os museus eram a sua casa.
Dizia que os óculos usavam-se a meio do nariz e então eu chamava-o de velho e ele irritava-se, mas não muito, porque nada superava a sua ira de quando eu soltava um “é que você é um adolescentezinho” no meio de alguma situação empolgante. Dizem que a crítica faz parte do charme, ou isso defendo eu.
Mas os dias passaram e ele foi soltando os nós: e não é que o menino caladinho falava?
E se falava.
Contava do pai, da mãe e do trabalho. Da rotina que era viver. Queixava-se dele mesmo e da sua atitude, que queria ser melhor. Que não conseguia ser melhor. E depois vieram as histórias. As entrevistas aos deputados, os professores despedidos, os amigos e o eterno amor platónico. Amar é sofrer, disse um dia entre uma batata frita e um golo de Coca Cola.
Mas a magia acabou logo e precisamente quando ele, o menino caladinho, estava tão tagarela, o seu avião partiu. Deixou para trás uma garganta rouca de bares e aventuras, e ao despedir-se, deu-me um abraço forte e balbuciou: “Obrigado”.
O menino caladinho tinha voltado a calar-se.
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