"não vou chorar, não vou me arrepender, foi eterno enquanto durou, foi sincero o nosso amor, mas chegou ao fim,
você chega, me beija, me olha nos olhos e me diz então: Valeu, foi bom, adeus"
28 febrero 2007
20 febrero 2007
só um pouco cansada
Acordar com lágrimas nos olhos e um sorriso na cara, acordar e pensar que mais um dia se foi, desapareceu, comprou bilhete e entrou no álbum das recordações. Acordar e pensar que está quase no fim e que ainda há tanto para viver.
É a vontade de conhecer, de sair, de perguntar, de não dormir. É a intensidade das relações, são as viagens de ultima hora e os amigos do andar debaixo. É descobrir que o mexicano é pintor e que o escocês quer omitir a namorada.
Não quero conhece-los, não quero que me perguntem como se vai até ao centro ou quanto custa o almoço. Não quero ter de lhes dizer que vai ser perfeito e que será a melhor experiência das suas vidas. Não quero ver o olhar triste que fazem quando digo que me vou embora, não quero ouvir mais nenhuma vez: “Não te deixo ir embora”.
Não quero mais propostas de trabalho, nem noites maravilhosas, não quero novos amigos, nem viagens de sonho.
Se, pelo menos, não fosse tudo tão perfeito.
E quando me perguntam porque às vezes tenho um ar triste, sorrio e digo: “Estou só um pouco cansada.”
É a vontade de conhecer, de sair, de perguntar, de não dormir. É a intensidade das relações, são as viagens de ultima hora e os amigos do andar debaixo. É descobrir que o mexicano é pintor e que o escocês quer omitir a namorada.
Não quero conhece-los, não quero que me perguntem como se vai até ao centro ou quanto custa o almoço. Não quero ter de lhes dizer que vai ser perfeito e que será a melhor experiência das suas vidas. Não quero ver o olhar triste que fazem quando digo que me vou embora, não quero ouvir mais nenhuma vez: “Não te deixo ir embora”.
Não quero mais propostas de trabalho, nem noites maravilhosas, não quero novos amigos, nem viagens de sonho.
Se, pelo menos, não fosse tudo tão perfeito.
E quando me perguntam porque às vezes tenho um ar triste, sorrio e digo: “Estou só um pouco cansada.”
noi.
"Noi, gente che spera cercando qualcosa di più in fondo alla sera;
Noi, gente che passa e che va, cercando la felicità sopra sta terra"
Gente Che Spera, Domani Smetto, Articolo 31
Noi, gente che passa e che va, cercando la felicità sopra sta terra"
Gente Che Spera, Domani Smetto, Articolo 31
19 febrero 2007
aprender a voar
Há coisas difíceis de explicar e sentimentos impossíveis de falar. Mas como resumir uma semana de emoções contraditórias, olhos alagados, cabeça que rodopia e horas, horas e horas de sono por repor?
Como explicar a importância de tardes de sol friorento passadas a discutir a qualidade dos gelados, das raparigas que passam e dos motores dos carros? Como falar de ti sem mencionar o teu silêncio tranquilizador, o teu cheiro a cinzas verdes, a tua casa suja e a casa de banho na cozinha? Como pensar em ti sem sentir o teu abraço protector, a tua dança alcoolizada, os teus olhos vermelhos e a tua mão devagarinho na minha?
E não foste só um amigo.
Os “só-amigos” não aparecem em nossa casa sem razão nenhuma, cozinham-nos jantar e oferecem-nos chocolates; não nos ligam para saber se chegámos bem a casa e não nos limpam as lágrimas nas noites de vinho frisante. Os “só-amigos” não nos convidam para sair e não fazer nada, não nos esmagam de abraços a não dormem no sofá da sala do lado ao contrário. Eles não dizem que a nossa orelha não é assim tão grande e que os quilinhos a mais fazem-nos muito mais bonita.
E quando, no meio das tuas malas, protegido pelo teu sobretudo preto, me abraçaste e disseste “obrigado” resumiste aquilo que tenho estado a tentar dizer. Não foram as noites de loucura insana, de manhãs de olhos inchados e de tardes de mãos aquecidas. Não foram os passeios de crepes com nutella e suco de uva com gás, as eternas esperas pelo autocarro, ou a tua carinhosa mania de tirar-me os cabelos da cara.
Foram os sorrisos e as caretas, foram as zangas, as discussões. Foram as histórias incontáveis, os actos proibidos, os sentimentos contraditórios. Foram olhares de reprovação, beijinhos de conforto e socos de ira. Foi a Família que me acolheu na terra do Peter Pan, e, sem pedir nada em troca, fez-me entrar num conto de fadas.
Agora, a terra sem barreiras parece mais pequena e alagada mas, cada lágrima ( que teima, incessantemente, em cair ) vem acompanhada de um sorriso de covinhas, de um brilho nos olhos e de um calafrio de felicidade que diz baixinho que tudo valeu a pena porque vocês estiveram sempre, sempre, sempre, sempre lá a alargar cada vez mais barreiras e a ensinar-me a voar.
E, no fim, com as mãos a tremer e os lenços de papel encharcados, foste tu que me sussurraste molhadamente ao ouvido: “és especial”. Irónico, ahm?
Como explicar a importância de tardes de sol friorento passadas a discutir a qualidade dos gelados, das raparigas que passam e dos motores dos carros? Como falar de ti sem mencionar o teu silêncio tranquilizador, o teu cheiro a cinzas verdes, a tua casa suja e a casa de banho na cozinha? Como pensar em ti sem sentir o teu abraço protector, a tua dança alcoolizada, os teus olhos vermelhos e a tua mão devagarinho na minha?
E não foste só um amigo.
Os “só-amigos” não aparecem em nossa casa sem razão nenhuma, cozinham-nos jantar e oferecem-nos chocolates; não nos ligam para saber se chegámos bem a casa e não nos limpam as lágrimas nas noites de vinho frisante. Os “só-amigos” não nos convidam para sair e não fazer nada, não nos esmagam de abraços a não dormem no sofá da sala do lado ao contrário. Eles não dizem que a nossa orelha não é assim tão grande e que os quilinhos a mais fazem-nos muito mais bonita.
E quando, no meio das tuas malas, protegido pelo teu sobretudo preto, me abraçaste e disseste “obrigado” resumiste aquilo que tenho estado a tentar dizer. Não foram as noites de loucura insana, de manhãs de olhos inchados e de tardes de mãos aquecidas. Não foram os passeios de crepes com nutella e suco de uva com gás, as eternas esperas pelo autocarro, ou a tua carinhosa mania de tirar-me os cabelos da cara.
Foram os sorrisos e as caretas, foram as zangas, as discussões. Foram as histórias incontáveis, os actos proibidos, os sentimentos contraditórios. Foram olhares de reprovação, beijinhos de conforto e socos de ira. Foi a Família que me acolheu na terra do Peter Pan, e, sem pedir nada em troca, fez-me entrar num conto de fadas.
Agora, a terra sem barreiras parece mais pequena e alagada mas, cada lágrima ( que teima, incessantemente, em cair ) vem acompanhada de um sorriso de covinhas, de um brilho nos olhos e de um calafrio de felicidade que diz baixinho que tudo valeu a pena porque vocês estiveram sempre, sempre, sempre, sempre lá a alargar cada vez mais barreiras e a ensinar-me a voar.
E, no fim, com as mãos a tremer e os lenços de papel encharcados, foste tu que me sussurraste molhadamente ao ouvido: “és especial”. Irónico, ahm?
15 febrero 2007
Neverland
"Imagination seems to have a great dominion over Neverland. In the novel it says that a map of child's mind would resemble a map of Neverland. It also shows that what you wish for ends up in Neverland. The island has no boundaries at all, stating that a child's imagination has no boundaries either. Also, the belief in Faries and Neverland seens to regenerate Peter and the Faries"
Vou ter saudades. Sim, estou falando com você.
Vou ter saudades. Sim, estou falando com você.
13 febrero 2007
bome dxia!
Naquela tarde com cheiro de chuva seca o mundo desmoronava aos pouquinhos dentro dos teus olhos azuis e mãos asperamente carinhosas. Não querias ir, dizias tu.
Tinha tudo acabado.
O teu jeitinho cor-de-rosa de dizer “bome dxia” o teu ar de criança gulosa cada vez que comíamos chocolates, o teu silencioso despertador vibrante, o teu jeitinho irresponsavelmente atinado.
É tão difícil explicar este misterioso movimento de energias que faz com que cada pessoa conquiste um lugar na tua memória, na tua rotina, na tua vida. É acolhedor pensar no carinho que nos uniu e saber que há coisas que ficam e formam risonhos retalhos no cobertor que nos esquenta quando o aquecedor esta (outra vez?) avariado.
Quando se olha para trás sabe-se que tudo poderia ter sido diferente, mas que tudo acabou por ser tão perfeitamente igual fazendo com que o sorriso que acompanha as lágrimas grite e chore de alegria por aquelas noites de nunca, aqueles dias de cumplicidade, aqueles momentos de euforia e aqueles instantes inúteis de amigas empijamadas.
A cama não tem lençóis e agora tenho 2 prateleiras só para mim, mas tu serás sempre uma caneca de chá, uma travessa queimada, um doce para curar as saudades.
Serás sempre aquele sol torto e a rapariga que nunca nunca nunca…
Porque tu, que sempre tiveste problemas com decisões, decidiste tão drasticamente entrar na minha vida de retalhos. Quem diria?
Tinha tudo acabado.
O teu jeitinho cor-de-rosa de dizer “bome dxia” o teu ar de criança gulosa cada vez que comíamos chocolates, o teu silencioso despertador vibrante, o teu jeitinho irresponsavelmente atinado.
É tão difícil explicar este misterioso movimento de energias que faz com que cada pessoa conquiste um lugar na tua memória, na tua rotina, na tua vida. É acolhedor pensar no carinho que nos uniu e saber que há coisas que ficam e formam risonhos retalhos no cobertor que nos esquenta quando o aquecedor esta (outra vez?) avariado.
Quando se olha para trás sabe-se que tudo poderia ter sido diferente, mas que tudo acabou por ser tão perfeitamente igual fazendo com que o sorriso que acompanha as lágrimas grite e chore de alegria por aquelas noites de nunca, aqueles dias de cumplicidade, aqueles momentos de euforia e aqueles instantes inúteis de amigas empijamadas.
A cama não tem lençóis e agora tenho 2 prateleiras só para mim, mas tu serás sempre uma caneca de chá, uma travessa queimada, um doce para curar as saudades.
Serás sempre aquele sol torto e a rapariga que nunca nunca nunca…
Porque tu, que sempre tiveste problemas com decisões, decidiste tão drasticamente entrar na minha vida de retalhos. Quem diria?
08 febrero 2007
o homem fazedor de labirintos.
No parque há um baloiço.
Gira, roda, rodopia, embala-me no teu sorriso e no teu cheiro a planta queimada.
Fala-me de ti, conta-me as tuas histórias absurdas, mete-me no teu bolso (sempre desarrumado) e faz-me esquecer que há vida para além do baloiço e das folhas de Outono que caem.
Diz-me, com aquele sotaque só teu, que tudo vai acabar bem e que eu continuarei sempre a ser uma criança mimada que serpenteia pelas ruas e acaba sempre por esbarrar em ti.
Perguntaste-me uma vez, naquela tarde fascinantemente gelada à beira pó, se eu acreditava no destino. Pronto, estou agora a dar-te a oportunidade de confessares. Admite que tens boas relações com o homem fazedor de labirintos e que foi ele que te disse: “ei.. psst… vais tropeçar na vida daquela criança eléctrica e, com o teu jeitinho instavelmente cativante e surpreendente, conquista-la”.
E, no fim, o homem acrescentou: “ E sempre que ela estiver triste, leva-a a andar de baloiço”.
Gira, roda, rodopia, embala-me no teu sorriso e no teu cheiro a planta queimada.
Fala-me de ti, conta-me as tuas histórias absurdas, mete-me no teu bolso (sempre desarrumado) e faz-me esquecer que há vida para além do baloiço e das folhas de Outono que caem.
Diz-me, com aquele sotaque só teu, que tudo vai acabar bem e que eu continuarei sempre a ser uma criança mimada que serpenteia pelas ruas e acaba sempre por esbarrar em ti.
Perguntaste-me uma vez, naquela tarde fascinantemente gelada à beira pó, se eu acreditava no destino. Pronto, estou agora a dar-te a oportunidade de confessares. Admite que tens boas relações com o homem fazedor de labirintos e que foi ele que te disse: “ei.. psst… vais tropeçar na vida daquela criança eléctrica e, com o teu jeitinho instavelmente cativante e surpreendente, conquista-la”.
E, no fim, o homem acrescentou: “ E sempre que ela estiver triste, leva-a a andar de baloiço”.
04 febrero 2007
È meglio cambiare, no?
É altura de por a questão: O que faz uma pessoa pegar na sua vida, empacota-la em malas pesadas, fugir dos seus amigos, da sua família, da sua realidade e aterrar num lugar estranho, misterioso, desconhecido?
A questão persegue-nos e traça, insistentemente, características marcantes que unem, um a um, cada estudante expatriado.
São vidas incompletas, são sentimentos contraditórios, são necessidades inegáveis de experiências novas, de fuga à censura e ao mundo fechado que impede cada um de ser aquilo que quer. São problemas familiares, são namoros demasiadamente longos, são meninos rejeitados e dotes de dança por estrear.
Pousadas as malas, o mundo é teu. Podes criar a tua histórias, reescrever a tua personalidade, moldar o teu carácter e recomeçar do início o teu livro de aventuras. São escolhas, costuma-se dizer. Mas mais do que um lugar comum, está é uma sábia verdade.
Muitos são aqueles que não sabem porque vieram. Aparecem com uma lágrima no canto do olho, com contas de telefone absurdas, falam-nos das suas vidas perfeitas e de como custam as saudades. O tempo vai passando, e com ele as escolhas tomando forma. Escolher viver sem limites, numa base quotidiana de entrega total onde a vida ganha um novo sentido e a cada dia o fosso que marca a distância é maior? Escolher noites de pijamas com bolachas e filmes acompanhados de uma útil dor de garganta e a desculpa das aulas no dia seguinte?
São escolhas incensuráveis, são caminhos a seguir. Mas o importante é saber que aqui, nada é definitivo, e o outro lado do rio terá sempre as suas margens verdes e acolhedoras prontas para te receber, sem perguntas e sem cobranças; sem um olhar desconfiado nem um sorriso torto.
E, se a vida é feita de escolhas, quando se aproxima o fim é extremamente fácil responder à questão inicial: “ È meglio cambiare, no?”
A questão persegue-nos e traça, insistentemente, características marcantes que unem, um a um, cada estudante expatriado.
São vidas incompletas, são sentimentos contraditórios, são necessidades inegáveis de experiências novas, de fuga à censura e ao mundo fechado que impede cada um de ser aquilo que quer. São problemas familiares, são namoros demasiadamente longos, são meninos rejeitados e dotes de dança por estrear.
Pousadas as malas, o mundo é teu. Podes criar a tua histórias, reescrever a tua personalidade, moldar o teu carácter e recomeçar do início o teu livro de aventuras. São escolhas, costuma-se dizer. Mas mais do que um lugar comum, está é uma sábia verdade.
Muitos são aqueles que não sabem porque vieram. Aparecem com uma lágrima no canto do olho, com contas de telefone absurdas, falam-nos das suas vidas perfeitas e de como custam as saudades. O tempo vai passando, e com ele as escolhas tomando forma. Escolher viver sem limites, numa base quotidiana de entrega total onde a vida ganha um novo sentido e a cada dia o fosso que marca a distância é maior? Escolher noites de pijamas com bolachas e filmes acompanhados de uma útil dor de garganta e a desculpa das aulas no dia seguinte?
São escolhas incensuráveis, são caminhos a seguir. Mas o importante é saber que aqui, nada é definitivo, e o outro lado do rio terá sempre as suas margens verdes e acolhedoras prontas para te receber, sem perguntas e sem cobranças; sem um olhar desconfiado nem um sorriso torto.
E, se a vida é feita de escolhas, quando se aproxima o fim é extremamente fácil responder à questão inicial: “ È meglio cambiare, no?”
01 febrero 2007
um assobio
Olhos vermelhos a jorrarem água; calças rasgadas manchadas de sangue; sorriso insano a transbordar raiva.
Perdido entre os andares alinhados, assobiando na escada de mármore à procura de alguém para o salvar.
Não era uma causa perdida, gostávamos de pensar em silêncio. Mas foi então que o vimos com os seus tiques nervosos, com a sua face desfigurada, com os seus olhos rosados sobressalientes. Urrava iras antigas, lacrimejava dores futuras.
Tive medo.
Batia as mãos com violência e chorava como uma pequena criança; tentava construir frases mas tropeçava, desesperadamente, em cada palavra. Tentava caminhar com os sues ténis pendurados na mochila, mas caía escada abaixo e tocava, desajeitadamente, na porta errada.
Perdido mais uma vez, voltou a assobiar.
Perdido entre os andares alinhados, assobiando na escada de mármore à procura de alguém para o salvar.
Não era uma causa perdida, gostávamos de pensar em silêncio. Mas foi então que o vimos com os seus tiques nervosos, com a sua face desfigurada, com os seus olhos rosados sobressalientes. Urrava iras antigas, lacrimejava dores futuras.
Tive medo.
Batia as mãos com violência e chorava como uma pequena criança; tentava construir frases mas tropeçava, desesperadamente, em cada palavra. Tentava caminhar com os sues ténis pendurados na mochila, mas caía escada abaixo e tocava, desajeitadamente, na porta errada.
Perdido mais uma vez, voltou a assobiar.
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