24 octubre 2007

naquele dia

Ele é assim. Imprevisível.
Um dia estava em casa e tinha acabado de tirar o pijama.
Ele apareceu.
Disse que estava decidido. Que lá íamos nós em busca de aventuras ciganas.
Eram muitas horas naquele carro emprestado. Que bom, pensei. Mais tempo para conversar. E ali falou-se de tudo.
- Mas eu não gosto dessa música.
E a próxima era pior, e pior, e pior. E lá fomos nós entre fofocas e inutilidades. Entre vidas alheias e memórias reveladoras. É sempre bom conversar enquanto o sol aquece o dia e a água rochosa.
E o assunto nunca faltava. Já não havia carro e a areia entrava pelas dobradiças do corpo e fazia crek crek.
Não havia professores, nem nota final. Não havia inquisição e nem censura e ali , no fim do mundo, podíamos dizer aquilo que quiséssemos.
E depois de um comentário qualquer sobre uma qualquer coisa inútil e insignificante, caímos na risada.
Gargalhadas de lágrimas e dores de barriga. Sorrisos que fazem sangue nos lábios de cieiro e que incomodam os vizinhos de toalha. Rebolamos em pensamentos hilariantes e viajámos pelos comediantes mais conceituados.
E, no fim, entre gargalhadas que rebentavam com as ondas e tentativas desesperadas de respirar, disse:
“Mas o que é que eu faço a um miúdo como tu?”
E ele respondeu, de olhos brilhantes.
“Amas”.

1 comentario:

Anónimo dijo...

Oooohhhh! =)