A incerteza come-me as costuras. Bichinho vagaroso, lesma indolente, apática, preguiçosa. Não se limita a roer o fio e a desfazer o nó. Claro que não. Lesma pateta, imbecil. Ela vai ao casulo e saboreia-o com água a escorrer-lhe pelos beiços.
A minha barriga ronca um enjoo intragável e o corpo verga-se numa angústia sonora de choro seco e dor pontiaguda.
Em rodopio a cabeça segue o exemplo e viaja em ruas esburacadas e em rios de asfalto com esgoto entupido. A culpa é do prefeito. Mais uma vez.
O pecado nunca é nosso. É da mão invisível que não nos tocou, é da oportunidade falha, da roupa mal escolhida, daquela piadinha que não pegou.
Sou pura bílis e lesma desfeita. Sinto-a a romper-me os tecidos, a fazer de mim sanfona popular.
Não caibo no armário porque está grande e está pequeno. Não consigo decidir com gordura efervescente a borbulhar-me a cabeça.
Acho que estou a entrar em erupção.
Perigo.
Saiam das vossas casas. A lava costuma desfazer lares, destruir cidades, corroer corpos humanos, um a um com um sorriso diabólico de satisfação.
Este é o último aviso.
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1 comentario:
que nojo pá...
não arranjavas nada mais simpático para te comparares, do que "bilis de lesma derretida". Iac!!!
já agora, o que é "sanfona"?
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