Para ela nuguets é danguetis, self-service é servi-servi e nectarina é naftalina.
Todos já estamos habituados ao seu linguarejar atrapalhando, tropeçando nas palavras sem nunca cair. E quando, timidamente, a corrigimos, ela ri uma gargalhada profunda e balbucia em ritmo de tarantela. “É isso mesmo. É que eu não sei dizer direito”.
Ninguém resiste àquele rosto de menina que ainda está a aprender a viver, às birras de criança saída do berço, às manias aprendidas na televisão.
- Tchau. Estou indo.
E lá vem ela atrás de mim, num passo de pinguim apressado que reclama do calor e do frio.
- Pegou um casaco? E a maçã?
Foi assim que ela aprendeu a adaptar-se ao mundo. Fazendo da correria uma gigantesca rotina de obrigações e prazeres que desfilam diante de si.
- Já chegou? Ah é, você chega mais cedo na quinta-feira, né?
Não. Mas de que adianta contar-lhe que hoje o professor faltou, que o trabalho apertou ou que o cansaço bateu?
- Hoje é quinta, tem macarrão. Tá no forno é só aquecer.
Fala com os “pés para o alto” na sua posição de novela mexicana. Diz, despreocupadamente, como se acreditasse mesmo que eu seria capaz de aquecer sozinha o jantar. “Ah, deixa que eu aqueço, vai” acrescenta numa espontaneidade teatral em tom de mãe benevolente. E eu deixo sempre.
É então que me conta do calor e do frio. E do tio que se magoou e da tia que está velha. Detesta velhos. Logo ela que nunca se senta para comer “porque comer sentado engorda”.
- Já são dais, vou dormir.
- Dez, nonna.
E lá vem a gargalhada de novo. Com as bochechas rosadas e um abanar dos cabelos encaracolados.
-Amanhã é sexta. É o dia que você acorda cedo, né?
Buona notte. Sogni d'oro.
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3 comentarios:
ooooooooohhhh tb tenho uma uma nonna!!!
que post tão tão fixe!!!
*
ohhhhhhhh =) "qui lindu" !!!
OH! PINGUIM!!
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