Era o mesmo colchão. O dos pesadelos.
Tinha ainda aquele toque de lençol barato. De borbotos com sabão em pó.
Era real. Eu tinha voltado àquele lugar.
Todos os sentimentos que critiquei, as atitudes que nunca entendi. O egoísmo do café que nunca chegaria a marcar, do telefone que fingi não ouvir. O eu desprezível que tanto detestava e de quem tentei fugir, de quem forcei o esquecimento.
Estava de volta.
De repente à memória chegam sensações de dias de angústia por acabar, de sorrisos falsos, palavras forçadas, do ser incompleto que à noite, antes de dormir, reza para que o próximo dia não chegue. Mais um dia de rotina preguiçosa que finge estar ocupada. Um dia mais de fingimento.
Aquele suor frio que te acompanha pelos dias de pobreza cinzenta. Que te pressiona para seres melhor. E que te faz mal, tão pior do que aquilo que aprendeste ser. A concorrência de desconhecidos que paira pelo ar desta cidade onde não basta ser normal. Onde não te deixam ser feliz.
Eu estava de volta. E dormia naquele mesmo colchão.
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