26 diciembre 2008

Pipocas

O mal é ver demasiados filmes. Com pipocas e Coca-Cola.
É chorar por trás dos óculos dedilhados. Tirar o sapato e esticar os pés por cima da poltrona da frente. Menina má. Isso é falta de educação.
O mal é ver demasiados filmes e lembrar daquele nosso primeiro encontro. Tu, qual galã desajeitado, a conquistar os corações das adolescentes. Eu, sedutora pretensiosa, ganhando a ira dos espectadores. “Dissimulada!”, gritaria a minha mãe no meio das pipocas.
Imagino então os nossos passeios em contra-picado com filtro azul. Cheio de flashes do passado com momentos embaraçosos de crianças que querem crescer. Seria uma pós-produção complicada. Custosa. Põe mais um olhar naquele encontro desinteressado. Um sorriso no dia que não ficou marcado na agenda. Esquecimento.
Faz das discussões reencontros apaixonados. Dos dias aborrecidos uma banda sonora com folhas de Outono. Diálogos rápidos e inteligentes. Gestos impulsivos, acertados e heróicos. Como aqueles que se compram com as gomas ao quilo.
O mal é ver demasiados filmes. Por que é que a vida não se pode comer com pipocas?

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