Ele queria matar os andaluzes e atirar os ingleses ao mar. Mas era pacífico, assegurava. Falava-nos com frases erráticas e desinteressadas, daquelas que o professor recomendou nas entrevistas. Pena não terem sentido.
Eu notava como lhe caíam bem as luzes azuis daquele bar de música americana. Ele, na sua solidão, sentado de copo cheio, à espera de uma presa. E nós, sem querer, comemos o isco.
Formou-se artista de trajes estranhos. Palhaço, imaginei. Mas acabou ganhando a vida servindo bebidas num bar. Pelo menos não a perdeu numa hipoteca, comentou. Era calvo, daqueles que mais preferiam ser carecas. Balançava a cabeça, freneticamente, enquanto dissertava sobre os urinóis. E sobre o amor. A noite ia avançando e aquela veia da loucura que tinha saliente na testa aumentava com olhos cada vez mais esbugalhados. Em certas circunstancias, tive medo que explodisse.
E vieram mais frases nunca acabadas, ideias que não era capaz de concluir. Outra vez os urinóis, outra vez a vida de sexo ocasional e sexo indefinido.
Pagou-nos duas cervejas para nos compensar o tempo desperdiçado.
Era mais um filho da cocaína.
Mas este, pelo menos, não tem a casa hipotecada, pensei.
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