02 mayo 2010

Noites

Ultimamente as noites têm sido curtas. As noites e aquele seu gostinho a frutas tropicais, açúcar, amigos e abraços. Elas e aquele toque tão evitado. O pele-a-pele que um dia fez o olhar estremecer. E então as noites acabam e o sol está ao contrário. Maquilhamo-lo com persianas eléctricas e cobertores black-out.
Porque de noite valem sussurros e a rouquidão tem som de piada, valem erros verbais, gritos desnecessários, valem insultos que se reconciliam em questão de segundos. À noite discutir é parte do protocolo. Não há conversas complexas, nem frases elaboradas. Um ano vive-se em dez minutos. Dez minutos mais dois ou três pormenores engraçados. À noite todos temos um sentido de humor especial.
E quando o dia chega, fechamos os olhos, fazemos beicinho e birras de criança mimada. A luz revela coisas que não queremos ver. Faz-nos mais sérios, mais pensativos, mais regradamente regulados. Por favor noite não te vás embora, não leves contigo esse teu aroma a iogurte com mel.

1 comentario:

i dijo...

ora aí está uma enorme verdade