Ela estava ali, deitada, de olhos fixos e penetrados no branco da parede recém-pintada.
Sentia uma dor aguda, forte, sincera, feminina, que lhe invadia o corpo e gritava-lhe palavras de horror. Não conseguia controlar os membros.
Estava lúcida e não podia falar.
Dos seus olhos esbugalhados e inexpressivos caíam lágrimas de sofrimento dilatado.
A sirene da ambulância chegou e durante o caminho falavam-lhe com esperança de que estivesse a ouvir. A luz vermelha-azul apagou-se e a senhora foi isolada do mundo, como micróbio indesejado, doença contagiosa, insecto inoportuno.
Diagnosticada, deixaram-na sentir a família. Os tubos e a tosse catarrenta impediam-na de ver.
Volta para casa depressa e recupera o teu mau feitio refilão de mãe-galinha, tia-coruja, esposa dedicada. Volta para casa e zanga-te grita e esperneia. Volta para casa e seca o rio de lágrimas que provocaste. Estão todos fartos de enriquecer a psiquiatra.
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1 comentario:
estão todos loucos e eestupidamente cansados...
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