30 enero 2007

o controlador de sonhos

Sai.
Não te quero mais aqui. Pára de falar-me baixinho e correr soluçando para me abraçar. Pára de me pedir desculpas, implorar para que volte. Pára de ser tu mesmo naquela perfeição que só tu sabes ser. Pára.
Sai.
Foge para bem longe e esconde-te dos meus olhares amolecidos. Corre sem destino para uma vida sem sofrimento, busca a felicidade sem sacrifício e encontra o arco-íris que estava ali, sorrindo e contente, apenas à tua espera.
Sai.
Cria um novo mundo. Espera horas na fila e pede uma nova certidão de nascimento (não te esqueças de levar uma fotografia). Faz novos amigos, conhece novos eus. Cria uma nova identidade, mas por favor, não voltes atrás.
Sai.
Faz aquilo que nunca fizemos, aquilo que sempre quisemos fazer. Faz aquilo que não te faça sofrer e, por favor, encontra alguém por quem não precises esperar.
Sai.
Desmarca-te da minha pele, dá-me a chave do cadeado para te soltar. Sai, ninguém te está a prender aqui, a porta esteve sempre aberta. Sai e faz muito barulho, grita e dança pois estás livre. Finalmente, livre. Mas sai de vez e pára de brincar com o subconsciente alheio.

Eu sempre soube que controlavas os sonhos.
Não voltes a aparecer.
Isto é uma intimação.

1 comentario:

Anónimo dijo...

...Mas é incrível como, mesmo assim, há quem desobedeça á lei. Por teimosia, por hábito, por não saber fazer diferente. Mas se nada vier em contrário, um dia, cansa-se.

(p.s. acreditas que até tenho qq coisa tipo saudades tuas..?)