Dias de chuva de cabelos pingados. Dias de poça e salpicos constantes.
Dias molhados.
Chove por cima da minha cabeça.
A água diz que o calor cessou. Que tudo se tornou frio, cinzento.
Quando é que o dia perdeu essa capacidade de brilhar?
Antigamente (no meu tempo...) o sol espreitava pela minha janela matinal e dizia-me bom dia com abraços e beijinhos. Nessa altura, o despertar era feito com raios de carícias e sussurros encorajadores.
Hoje chove.
As gotas gritam um barulho ensurdecedor. Proferem palavras malditas de ódio e descrença. As pessoas fogem, comentam, encolhem-se. Tremem as mandíbulas e piscam freneticamente os olhos. A água, suja de poluição, desce pela quente linha das costas e arrepia a espinha transformando os pelos em cubinhos de gelo invisíveis.
Mas existem pessoas que nunca se molham. As nuvens fogem daqueles que não se amedrontam.
Esperam a lentidão do semáforo, a cortesia dos carros que espirram poças, a gentileza de uma pessoa que ofereça um guarda-chuva.
Chegam-nos com cabelos molhados, um sorriso na cara de quem acabou de sair do banho. Saem de casa e, apesar da chuva, decidem andar a pé. Que fenómeno tão peculiar.
Intrigam-me as pessoas sorridentes de lábios molhados. O chapinhar nos charcos, o escorregar nas escadas. A roupa aguada fica transparente e o nariz vermelho dá uma certa sensualidade. O romantismo passeia-se pelo ar e chovem pedidos de casamento.
Eu já fui assim (no meu tempo...)
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