Ele tocou-me. Olhou para mim com cores de mel, com águas de sal, com uma lista infindável de palavras caladas.
É uma pequena contracção de um músculo, um majestoso contorcer na cadeira, um elegante, profundo e distante silêncio.
O calar não é um bicho feio, nem um elefante pesado. Ele é um vento fugidio que voa entre brisas aconchegantes e sonoras.
O silêncio coloca-se ali, ao meu lado. Tento tocá-lo e ele escorrega-se-me pelos dedos de verniz vermelho. Vem Silêncio, quero-te aqui. Cala esta multidão enlouquecida de palavras vazias e conversas inúteis. Aproxima-te de mim e toca-me com os teus olhos. Desce à plebe, olha-me de perto e coloca-te no teu lugar. Pesas-me a consciência e afastas-me os sentidos. Fazes-me acelerar o paço, correr as escadas, desfiar o frio do congelador industrial.
Mas dizem que não podes ser distante. Sábias palavras.
Sai dessa tua poltrona preta, enfrenta o preconceito e a racionalidade. Aproxima-te, por favor.
Faz-te meu.
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