Hoje acordei com o vento a sussurrar baixinho. Parecia haver fios invisíveis a puxarem estridentemente os meus músculos. Eles contrariam-se em forma de boca aberta e lábios erguidos. Músicas cantaloravam na minha cabeça, como vozes de divas vindas de lugares perdidos.
Porque há coisas que nos fazem pensar. E há objectivos que não são para daqui a uma hora, ou um mês. Há coisas na vida que são para longe. Que são para o lugar onde a cidade borbulha e o horário esmaga a correria atribulada. Há momentos da vida com cores e cheiros, com raças e idades e instantes.
E atingi-los não é um sonho.
Fitas vermelhas no fundo do túnel que nos fazem querer correr mais depressa, e virar na esquina à esquerda, em busca de um caminho mais rápido. (Nunca vires à direita. Pode haver um precipício). Viagens ao mundo em busca de um eu que se perdeu nas birras e das palavras pingadas no papel. A busca de uma solidão acompanhada.
E às vezes atrelamo-nos às pessoas.
Têm um cheiro confortável, um sorriso familiar, uma parte deles que é sé nossa e fica escondida no fundo oculto do saquinho de recordações.
E nesta matéria não há chaves. No mundo das solidões não há serras eléctricas e nem cadeados. Foram abolidos, proibidos, censurados.
Este fascismo de descampados colectivos é uma tortura pequenina que pica, mexe, coça naquele lugar onde é impossível tocar. E vai se tornando maior.
Até que um dia recorremos à cola.
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