Os dias são horas e minutos contados. Os dias são relógios e tic-tacs ambulantes. Os dias são “até já”, “até logo”, “tenho de ir”.
A vida é um cronómetro que corre ao contrário, que asfixia o calendário e bate recordes de maratona. São respirares abafados e corredores infindáveis.
É correr descalça e ter feridas nos pés. É fazer bolhas e brincar de rebenta-las com agulhas. É saltar os obstáculos e ganhar a maratona.
Mas com uma vida, onde o piscar do olho ocupa espaço, há que encontrar tempo.
Vasculha no fundo do baú, no meio dos trapos da avó. Abre a caixinha dos brinquedos e tira para fora os teus amigos imaginários. Fá-los renascer e dá-lhes um novo nome. Mas não quero um nome banal, batido, esfumado. Quero um nome inexistente, um código, uma careta. Dá-lhe uma cor e pinta-o de amarelo. Pinta-os a todos de amarelo e acrescenta fiozinhos dourados.
Agora os olhos. Faz com que se mexam e que possam olhar para ti. Fá-los vesgos e estrábicos, rouba-lhes a boca e põe-lhes um chapéu brilhante.
Enche as bochechas e arregala os olhos.
Aí tens um amigo imaginário. Ele pode acompanhar-te na correria do trabalho, no teclar compulsivo do computador. E, nos momentos de desespero, olhas para ele e ele diz-te, sorrindo com o seu ar assutador, Buh.
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2 comentarios:
=,)
mc perfeitamente no ritmo cronometrado de uma nova vida. imagina um monstro verde de cabelo despenteado, eu imagino =)
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