04 mayo 2007

cobertor

Esconde-te, oculta-te, camufla-te em cobertores de riscas cor-de-rosa.
Foge de olhos fechados e com as mãos à frente da cara. Lembra-te dos teus princípios.
Responde a perguntas com olhares de “porquê”, sorri com a confiança do inseguro e dorme. Adormece no terno abraço de carícias disfarçadas e finge que o mundo é perfeito.
Finge que vives num mundo onde os sentimentos não oscilam ao soprar do vento, onde as dúvidas não te assolam a meio da madrugada, onde sim é sim e não é não.
Já chega de frases na negativa.
Dorme e sonha que viver é fácil e que a existência tem sabor a fruta. Que a incerteza é absolutamente desprezível e que são possíveis os sentimentos verdadeiros.
Liberta-te do mundo dos porquês e concentra-te na orelha furada, na boca que encaixa, no cabelo que despenteia, no ténis que não desamarra.
Pensa nos sussurros e nos olhares brilhantes, nos silêncios de pensamento partilhado e nos abraços de confidências e lágrimas.
Não, não penses.
E rasga esse cobertor. Ou corta-o com uma tesoura bem afiada.
Talvez neve.

1 comentario:

Fátima dijo...

cobertor, emoções com sabor a fruta..
=)