Queria saber escrever a perfeição. Queria poder explicar racionalmente os meus olhos inchados, as minhas olheiras e o rio de lágrimas que se precipita dos meus olhos aguadamente verdes.
Queria saber transparecer felicidade pelo tempo que passou, alegria pelos momentos inesquecíveis, sorrisos por voltar a casa. Queria aproveitar os cheiros, os perfumes, queria embebedar-me em sabores, em imagens, em palavras, em conceitos. Queria dizer o que ainda não tinha dito, explicar o que faltava esclarecer.
Queria, queria, queria…
Mas o dia tão precocemente planejado adivinhava-se difícil, e os lenços de papel tornavam-se meus companheiros de aventuras, meus confidentes de choro engolido, meus aliados em sofrimento descabido.
E dizer adeus, um a um, tornava-se insuportável.
As lágrimas, os sons, as palavras convertiam-se apenas em acessórios da tristeza e os abraços, os olhares, os carinhos e os gestos faziam-me ter, cada vez mais, a certeza.
A certeza de que tudo valeu a pena, a certeza de que nada tem um fim absoluto, de que vida mudou de página e que o livro não tem barreiras.
E a questão insiste em querer surgir.
Foi um acto ou um entreacto?
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