Às vezes tenho saudades tuas.
Procuro-te pelas estradas e nas placas dos carros, espreito, olho, cheiro, sinto. Talvez agora também estejas a pensar em mim.
Ás vezes tenho medo de aceitar que sou frágil, que choro, que tremo quando a brisa (já tinha saudades deste vento violentamente perturbador) traz consigo a solidão das noites caladas, o descampado das tardes sem passeios e arrepios.
E quando fecho os olhos os flashs de perfeição invadem-me o pensamento, conquistam, qual cavalo bélico, os meus sonhos semi-acordados. A vida é o aqui, o momento, é o acto presente, é a força do mar que voltou a ser minha aliada.
E porque não deveria ter saudades tuas.
Saudade de um tempo que passou, de um nós que não é mais nosso. Esvaneceu-se com os pixels multicolores naquela tarde solarenga. Voou com as asas metálicas do avião, entre três ou quatro flocos de neve escorregadios. Foi-se.
E não se deve querer voltar ao que já acabou.
Porque a beleza do que foi permanecerá em cada bolha de sabão soltada, em cada vez que com uma mão apertada na outra, selamos a nossa cumplicidade de vidas partilhadas.
Estou confusa.
Os temas misturam-se e entrelaçam-se na minha cabeça. Já não sei sobre o que falo, nem o que quero dizer.
Mas para não enganar e para que tudo acabe de forma clara, explico que todas estas letras aleatoriamente espalhadas neste papel virtual querem dizer apenas que chegou ao fim. E que venha a vida nova. É madrugada, os meus olhos ainda estão abertos e o meu cérebro diz-se ainda capaz de formar palavras. Parece que estou acordada. A vida está, decididamente, a mudar.
Dói-me a cabeça, tenho os olhos molhados. “Vai dormir que isso passa”, disse a minha mãe. Espero que sim.
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