21 abril 2007

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Um ponto de interrogação.
Um silêncio.
Olhos escondidos por óculos de sol e um pensamento que voa sem ninguém dar por ele.
Perigosos os pensamentos.
São invisíveis e mudos. São surdos a influências externas. São nossos e são fatais.
Lá no fundo os pensamentos são rebeldes. Eles insistem em querer mostrar-se, exibir-se, chamar a atenção. É preciso muita auto-disciplina para poder controlá-los.
As ideias são como troféus que queremos partilhar, que exibimos na estante do quarto e lustramos todas as semanas no dia das limpezas.
Mas existem aquelas pessoas, sábias e perturbadas, que conhecem a natureza controversa dos seus pensamentos, que sabem que eles se vestem de preto, que compram armas no super mercado e que podem ser letais para a vida humana.
São pessoas de olhares e de momentos. Temos de saber captá-los e interpreta-los com a
sapiência de quem descobre uma fuga, uma saída, uma luz.
São tiros de trauma e frustração, de dias despercebidos, de noites em claro com pensamentos impróprios. São balas de perguntas sem respostas e momentos onde tudo é ignorado, onde somos uma sombra no escuro, uma mancha na roupa camuflada.
E no final, quando o barulho acaba, o fumo entra pelos ouvidos. Os olhos fotografam a paisagem de corpos minuciosamente alinhados. O cérebro tenta recordar-se de uma resposta que dê sentido a tudo aquilo. Mas, no final, a única coisa que sobrevive ao naufrágio das ideias é um simples e pequeno pondo te interrogação escrito a lápis na folha das presenças.

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