16 abril 2007

tu

A ausência dói e incha os olhos. Ela arde fundo nas pupilas e faz com que os pés fiquem gelados. O corpo treme e o sorriso não obedece.
Fica.
O vazio causa dúvidas e dá angustia, ele brinca com os sentimentos e torna tudo tão opaco.
Diz-me que isto não é real.
E quando toda a informação é, finalmente, processada, o estômago embrulha-se, a cabeça dói e as lágrimas caem em cascata, qual fonte luminosa a transbordar.
A mente é invadida por lembranças. Noites de mimos e comidas proibidas, passeios eternos e brincadeiras escondidas.
Lembras-te que foi contigo que conduzi pela primeira vez? Esboço um leve sorriso enquanto a minha cabeça é invadida pela imagem dele a gritar e a sair do carro, a dizer que ia a pé para casa. E vocês gargalhavam de lágrimas e dores de barriga.
Que bela recordação. Oxalá as lágrimas fossem todas assim.
E há tantas coisas que ficaram por dizer. O ser humano é tão imperfeito nas suas pretensões de agarrar o mundo. Ninguém consegue, e tu, a tentar caíste. Acontece.
Mas agora sei que queria que tivesses ficado. Para te dizer que …
Mas já é tarde e tu já foste.
Sem avisar.

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