10 abril 2007

derrepentes

E as coisas acontecem assim, de repente.
(lembro-me de como a “palavra” que tinha mais dificuldade em escrever quando era pequena era derrpente. “Se nunca se usa repente sem de, porque é que elas não são pegadas?” Perguntava revoltada com os seus 56 erros no ditado).
É derrepente que se compra um bilhete e se vai, sem rumo, para um país estranho. Um derrepente de sotaque duvidoso e com um brilho de abraço interminável no aeroporto; um derrepente de noites acordadas a conversar no escuro e de gatos que dormem connosco na cama. São estes derrepentes que nos fazem sorrir quando viajamos pela nossa memória de tardes em jardins luminosos, de noites de cocktails de fruta, de crepes com ovos estragados e pedidos de casamento nos táxis de 8 euros.
É também derrepente que temos flashbacks de cenas do passado e que nos lembramos de como a memória é traiçoeira e guarda somente as coisas boas. É em instantes que voltamos a experimentar aquela sensação de angústia, que se segue de uma irritação maldita que nos chega a coçar o corpo e fazer sangue com as unhas. Que penetra nas entranhas e nos faz ter arrepios de impaciência. Mas são apenas instantes.
Os derrepentes que me perseguem e que insistem em deixar marca.
Reencontrar um amigo. Procurar um alguém que derrepente nos faça sentir menos igual e mais repentinamente especial.

1 comentario:

Fátima dijo...

o que menos dura se eterniza porque é forte e inesperado. saiu cliché quando o teu post tem o toque surreal de sempre. =)