Às vezes as palavras não chegam.
Preciso de um dicionário, de um génio linguístico que se instale na minha cabeça e me que articule os maxilares em forma de palavra.
São momentos.
O abraço esmaga os ossos e repara-os num beijo apertado de respiração prolongada.
E o ar percorre o corpo num arrepio triplo de sussurros e toques. E os dedos entrelaçam-se numa dança clássica de valsa para crianças, que rodopia o ouvido, como cotonete molhado. E as memórias de adolescentes surgem com confissões e segredos embutidos em compartimentos reservados. E as reservas de energia revelam-se, com saltinhos sorridentes e espreguiçares matinais. E os sorrisos são abertos e têm som de felicidade extrema. E o limite da plenitude é ultrapassado e arrasa com as barreiras da racionalidade. E a razão desaparece, e com ela o mundo. E tudo à nossa volta se extingue.
Isto é como um jogo de ligações. As palavras trazem recordações a cada piscar de olhos e as imagens invadem a mente, num turbilhão frenético de gritos e suor. O suor escorre e molha o corpo como água derramada de perfume feminino. A água seca na toalha proibida de uma praia fictícia qualquer. As mentiras arrastam-se e criam cenários idílicos para onde nos transportamos com a facilidade de quem foge da dieta. As calorias comem as calças e transformam-se em monstros açucarados de ruminantes loucos.
Mas a pálpebra descola e a luz fere o olho. Preciso de um soporífero. Deixem-me voltar a sonhar.
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