14 julio 2007

vicio do combate

É perigoso, tem arestas afiadas. Enfia na pela e faz sangue. Vai dormir que isso passa amanhã.
As pontadas latejam e contagiam o corpo estendido no chão.
Ali, deitada na alcatifa escaldada, ensanguentada de pensamentos de olhares.
E estamos a lutar.
A luta vai acabar um dia. Está condenada e todos sabemos disso. Mas vale a pena.
Vale a pena batermo-nos por alguns dias de sorrisos derretidos. Por algumas palavras inesperadas em dias de surpresa.
Mas à nossa volta, espalharam calendários de dias riscados. Atirem-me vidros para os olhos. Firam-me as pupilas com luz branca. Não quero ver nada.
E cega, de braços e pernas partidas, quero continuar a lutar. Quero mais e mais.
Chega de rodeios. Acabou.
Sempre que olharmos para trás vamos sorrir e gargalhar de bons momentos. Estamos mais fortes e dependentes desse vício do combate. E quem luta não se separa, tem laços de sangue partilhado entre feridas abertas e ardentes. Voltamos à nossa vida corriqueira.
Mas continuo a ser um alvo fácil e ensanguentado à espera do meu próximo adversário.
Quem sabe serás tu, outra vez.

1 comentario:

Anónimo dijo...

saudades
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(sao 3 diferentes)