A lua já está cheia há tanto tempo.
Dias e dias de luar baixinho iluminando as mentiras brancas de noites fugidias.
Quero negar e dizer que sou feita de cimento. Que nada me pode afectar, que sou rocha calcada no mar gelado, absorvente, congelante.
Mas não consigo. Os meus olhos dizem que sim, e o meu corpo pendura-se no teu pescoço num instinto reflexivo de sentimentos cozinhados.
Isto não estava nos planos. É um erro científico.
Voltemos às planilhas, aos gráficos, aos exames e aos cálculos matemáticos.
Não gosto de sentimentos. Essa deformação de enzimas a que chamam afecto.
Vou dançar no semáforo vermelho, enquanto o mundo entoa uma melodia qualquer. Não interessa a música, nem o tom, nem a tablatura.
Vou roçar o meu corpo em alcatifas queimadas e morder, morder, morder. Fazer dor até sair sangue e poder usá-lo para fazer análises.
Diagnostiquem-me. (Vou ser famosa e aparecer nos jornais)
Vivo um erro científico.
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1 comentario:
A História mostra que a Natureza não se engana. As "Leis da Natureza" a que chamamos Ciência são uma versão sofisticada dos mitos, procurando explicação para o que nem sempre tem.
Quando algo no planeta está fora dessas leis não é caso para desconfiar da Natureza, foi provavelmente erro na explicação que os homens deram para tranquilizar as mentes.
Acho que nem tudo pode ser "cientificado"; tem de sobrar qualquer coisa para a improvisação para que a vida tenha piada.
Ou não fosse a vida tão incerta como “uma chávena de café com açúcar a boiar no topo”.
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